terça-feira, 17 de março de 2015

48 horas sem celular, ou quase

Segunda-feira, 09 de março de 2015.

Eram 21h em ponto em Salvador, quando desliguei o celular com uma sensação incômoda que eu não sabia explicar exatamente. Só poderia voltar a ligar o celular dali a 48 horas, ou seja, às 21h da quarta-feira (11/03/2015).

 Na semana anterior, o professor havia proposto aos alunos da disciplina Comunicação e tecnologia do semestre de 2015.1, que passassem 48h consecutivas com seus respectivos aparelhos celulares desligados. Decidi aceitar o desafio, sabia que não seria algo impossível, porém não seria exatamente fácil.

Logo que o professor André Lemos propôs a experiência, pensei em fazer no dia que menos precisaria do aparelho. Celulares antigos já quebraram antes e tive que me virar sem eles, então não seria tão difícil. Sempre acreditei que, perto das minhas amigas, eu era a mais desapegada do aparelho, mas quando fui pensando nas coisas que eu fazia e para as quais usava o celular, vi que a experiência poderia ser mais difícil do que eu imaginava.

Quando pensei no que era mais imprescindível para mim no celular, a primeira coisa que veio na mente foi: me comunicar com minha mãe e meu namorado.  O resto do mundo poderia esperar, mas eles eu sei que ficariam preocupados caso eu demorasse de responder. Porém um aviso prévio poderia resolver essa situação, não poderia? Ainda assim, seria estranho passar grande parte do dia incomunicável.

Logo depois uma série de informações foi chegando na minha mente enquanto a minha ficha caía: eu uso o celular pra quase tudo. Desde o despertador até a calculadora, o aparelho auxilia a minha rotina. Seja para ver as horas, verificar a previsão do tempo ou até para ouvir música, é difícil não usá-lo para alguma coisa.

Às 21:24, apenas 24 minutos depois, senti que o tempo passou tão rápido que não pude sentir. Então, conclui que 48h deveriam passar rápido também. Mas o celular estava em cima da mesa do computador, dentro do meu campo de visão e eu sabia que teria que resistir à vontade de pegá-lo, ligar o wifi e verificar se havia chegado alguma mensagem nova. Isso iria ter que esperar.

Ao contrário do que eu esperava, à noite não foi mais fácil. Culpa da minha competitividade, ou não, sonhei que utilizava o celular diversas vezes, portanto seria desclassificada da “brincadeira”.

O restante do dia seguiu seu curso normalmente, até eu lembrar que precisaria fazer uma ligação, mas o número para o qual eu deveria ligar estava... salvo no celular. Devido a experiências passadas, passei a anotar os contatos mais importantes numa agenda, só por precaução, mas aquele, infelizmente, não estava.

Às 21 horas do dia 10 de março de 2015 (terça-feira), 24 horas depois de iniciada a experiência, por motivos alheios a minha vontade, precisei ligar meu aparelho celular. Minha tia, depois de tentar diversas vezes me contatar pelo telefone móvel, ligou para o fixo aqui de casa para avisar que minha avó estava internada no hospital com pneumonia e minha mãe teria que passar a noite com ela. Péssima hora para se estar incomunicável. Consegui ficar um dia inteiro, quem sabe na próxima?

Ao ligar o celular novamente, um sentimento conflitante me preencheu. Metade frustração por não ter podido completar a experiência como eu havia planejado e metade felicidade por poder ficar comunicável novamente (e poder falar com minha mãe para saber melhores detalhes sobre o estado de saúde de minha avó). Só no whatsapp foram mais de 200 notificações em umas nove conversas diferentes (uma mensagem inclusive, era do meu primo falando que minha mãe não estava conseguindo falar comigo).

Da experiência eu percebi que:
1 - Se a experiência fosse passar 48h sem internet, seria potencialmente mais problemático e desesperador, já que é como me mantenho informada sobre questões da faculdade;
2 -Minha maior preocupação de ficar sem o celular era para o caso de alguma emergência não ter como ligar para a polícia ou o samu (nunca se sabe o que pode acontecer);

3 -Talvez seja exagero dizer que entendo o celular como uma extensão do meu corpo, acho que não chega a tanto, mas ainda assim ficar sem ele por perto gera um sentimento de “nudez”, como se faltasse algo. Algumas mulheres se sentem “nuas” quando esquecem o brinco em casa, para mim, esquecer o brinco ainda faz falta, mas esquecer o celular é muito pior. 

Luana Silva

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